Precisamos de sangue novo na industria, demita os velhos!

Nos últimos anos, uma tendência errônea na maioria das diretrizes estratégicas industriais, pedidos claros quanto a necessidade de se renovar toda a força de trabalho.  E quando digo renovar, a idéia é mandar para a rua os profissionais “mais velhos” que ainda se encontram na ativa no processo industrial.A velha Reengenharia a moda brasileira, com modelos requentados de japoneses e americanos ressurge com força na pós privatização.

Os presidentes, diretores e principalmente os sócios (estes na maioria das vezes não entendem quase nada da dinâmica industrial,  pois como capitalistas, visam lucro rápido, o que é compreensível) cobram ações imediatas na reformulação de suas equipes. Eles dizem para mim sem rodeios: “precisamos de sangue novo, gente nova em nossas frentes de ação, o mundo mudou, temos outra velocidade para sobreviver no mundo dos negócios, estes velhos estão obsoletos”.

Tais afirmativas me deixam extremamente preocupado, pois a falta de visão quanto a necessidade de preparar suas equipes para a indústria é compreensível e estamos trabalhando para mudar isto, agora, descartar os mais velhos em nome de renovação já é um erro que pode ser fatal a curto prazo.

Os brasileiros se aposentam cedo, com 53 anos de idade, em média. Essa aposentadoria precoce resulta em um total de 5 milhões de aposentados que continuam trabalhando.  Hoje, 35,5% dos aposentados voltaram a trabalhar por conta própria. Empregados registrados somam 12,7% e 10,1% estão informais, muitos destes são oriundos do mercado industrial (foram simplesmente descartados) que não estão sendo aproveitados, o que é uma pena.

Na prática, posso afirmar categoricamente que os ditos “velhos” valem ouro na indústria. A atitude radical de catapultar os ditos “velhos” com a intenção de empregar os “mais novos”, pelo simples motivo de que trata-se de um erro que pode custar posições preciosas em sua participação no mercado industrial, seja ele qual for.

Os mais velhos do mercado industrial possuem uma matéria-prima de conhecimento técnico que eu levaria décadas para formatar com uma nova equipe, aliás, grande parte do meu conhecimento do mercado industrial é advindo de longas conversas, ações práticas e reuniões com profissionais de diversos cargos e com mais de 70 anos de idade. A vivência prática e seu expertise acumulado lidando com anos de “buchas” e acompanhamento de situações muitas vezes únicas, que só ocorrem no mercado industrial podem valer milhões se devidamente geridos e tratados por um bom gestor.

Então como fazer para trazer para o mercado industrial estes profissionais? Que em muitos casos, não sabem como se preenche um simples cadastro no computador e receber mensagens pelo celular é algo extremamente complexo ? Em alguns casos,  é preciso formatar equipes de apoio operacional para que o “velho” possa estar focado no que interessa no mercado industrial, o cliente.

Os clientes industriais com suas demandas técnicas e complexas, muitas vezes se vêem diante de problemas que podem ser solucionados apenas por indivíduos que detém uma carga com décadas de conhecimento. Os “velhos” conseguem aplicar e traduzir ações práticas com soluções simples e objetivas que muitas vezes estão escondidas em “pontos cegos” para os olhos dos mais jovens, e suas ações assertivas ampliam a confiança que o cliente industrial está buscando em seus desafios do dia a dia.

Não podemos, em nenhuma hipótese, abrir mão dos ditos “velhos” do mercado industrial, se precisamos do “novo” podemos fazer uma junção das qualidades de ambos, em diversas ocasiões desenvolvo grupos híbridos com engenheiros técnicos recém saídos da faculdade com vendedores industriais com mais de cinquenta anos de mercado. Os resultados são surpreendentes e extremamente positivos.

O mercado industrial vem passando por mudanças radicais, porém, muitas coisas neste mercado jamais irão mudar, e por isto os “velhos” são fundamentais em todas as estratégias comerciais nas indústrias de todos os setores. Até a próxima para os “velhinhos” e também os mais “novinhos” que fazem toda a diferença em nosso mercado industrial.

Texto adaptado do autor: Licio Melo é formado em Administração de Empresas com EMBA (Executive Master of Business Administration in Leadership), graduado e especializado em Marketing Industrial. Possui, ainda, especialização em Marketing e Data Mining, especialista em Balanced Scorecard com MBA Executivo em Gestão Comercial e Vendas. Formado também em Direito, com especialização em direito empresarial e tributário.

Manutenção

Analista de Qualidade/Técnico de Planejamento Manutenção Pós-graduado em Gestão de Produção e Manutenção Industrial/ Graduado em Administração de Empresas / Técnico em Instrumentação, Usuários SAP/PM.

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